**Histórias de viagem - Dia 18.08.2024**
- Aline Karina De Bona
- 9 de out.
- 8 min de leitura

**Histórias de viagem**
Eu estava, a cada dia, com menos esperança. Escrevi para a Dyandreia Valverde, amiga e querida presidente da Rede Sem Fronteiras:
— Eu tentei patrocínios e, mesmo com as economias, lamento informar que só por um milagre seria possível ir à Convenção Internacional da RSF!
Ela respondeu dizendo que estaria torcendo por mim e que milagres existem!
Essa mensagem eu enviei faltando 15 dias para o evento — um encontro cultural de uma semana que aconteceria em Mossoró e Fortaleza, entre os dias 19 e 25 de agosto, repleto de atividades culturais: o enterro da cápsula do tempo no Museu do Sertão em Mossoró, visitas a entidades culturais e acadêmicas, biblioteca e escola pública, city tour cultural e turístico, feira de empreendedorismo, entre várias outras atividades.
Uma semana cheia de acontecimentos enriquecedores nas áreas da literatura, cultura e arte. Também haveria o lançamento, com sessão de autógrafos, da coletânea da qual sou coautora — *“Sem Fronteiras pelo Mundo”*, da própria RSF.
Mas o momento mais esperado seria o **baile de gala com a cerimônia de premiação**, e esse era o que mais apertava o meu coração diante da possibilidade de não poder participar...
Estive na 94ª Feira do Livro de Lisboa, no pavilhão da RSF, e foi nessa ocasião que recebi o convite, pessoalmente da querida Dyandreia, para integrar a Rede, não mais como membro, mas como **presidente cultural do Núcleo Suíça da RSF**.
Esse convite muito me honrou e alegrou, pois, para mim — uma escritora relativamente novata, integrante há apenas um ano dessa entidade cultural internacionalmente renomada há dez — seria uma responsabilidade enorme.
O fato de ela ter “olhos de ver” que eu seria capaz, e de demonstrar admiração e confiança no meu trabalho, coroava de êxito o caminho que eu havia iniciado há cerca de um ano e meio, depois do lançamento do meu primeiro livro *“Beirando a Loucura”* e do meu trabalho como life coach e palestrante.
Os dias passavam e, a cada “não” que eu recebia, mais distante o sonho parecia. Mas eu não deixei de acreditar que, se fosse para ser, **Deus proveria** — e assim Ele fez!
Nada na minha vida caiu do céu. Sou nascida em família simples e sempre lutei e trabalhei muito para conquistar minhas coisas.
Sempre fui inquieta, nunca acomodada — e, ao mesmo tempo, um tanto ousada. Já ganhei muito, mas também já perdi muito em termos financeiros. Ainda assim, sempre mantive o foco em crescer e prosperar, acreditando que, se eu crescesse, poderia ajudar minha família e o próximo.
Testei vários conhecimentos financeiros que fui aprendendo ao longo da vida — uns deram certo, outros não. Alguns me custaram caro, mas, no fim das contas, tive um lucro que ninguém me tiraria: **o conhecimento**.
Aprendi a ser resiliente e a acreditar que, a cada experiência — boa ou ruim — eu estava um passo mais próxima de dar certo.
Havia feito muitos investimentos desde o lançamento do meu livro, para me tornar conhecida e divulgar meu trabalho.
Participei de feiras de livros e empreendedorismo, fiz viagens, investi em mídias sociais… Então, uma viagem ao Brasil simplesmente não cabia no meu orçamento.
Mas preciso contar uma coisa: **nada do que fiz na vida “coube” — e eu fiz mesmo assim!**
Qual é o segredo? **Acreditar.**
Sim, a fé de que, se fosse para ser, Ele daria os meios, as pessoas, os caminhos para eu conseguir — e sempre foi assim.
Muitas vezes, à base do estresse, do cansaço emocional e físico, e no último minuto do segundo tempo… o “gol” acontecia. Desta vez não foi diferente.
Conversei com meu namorido, desanimada, e disse:
— Estou triste e desanimada. Estamos a uma semana da Convenção da RSF e não consigo ver meios de ir. Sinto-me cansada; os patrocínios que tentei não deram certo, e por meios próprios não tenho como arcar com as despesas!
Depois de refletir um pouco, desta vez **ele foi o coach**, fazendo as perguntas certas e me levando a pensar. Concluiu dizendo que não me deixaria desistir, pois reconhecia o quanto essa viagem seria importante para mim e que eu estava passando por uma “provação”.
Usou as minhas próprias palavras: que o dinheiro vai e vem, **mas os momentos não!**
E essa sou eu — **sou dessas que se arrependem do que não fizeram.**
“Matamos o porquinho” e, contando as moedinhas, compramos a passagem!
A música que mais tenho ouvido nos últimos tempos é um louvor chamado *“Deus Proverá”*. 😅🙌
Enviei mensagem para a presidente da RSF:
— Oi, Dy! Estarei com vocês na Convenção!
Ela respondeu com grande alegria e me passou todas as informações necessárias.
Dois dias antes da viagem, eu finalmente tinha passagem comprada, hotel reservado, inscrição feita e programação lida. Mas não era tudo — agora começava a corrida contra o tempo para deixar tudo organizado: trabalho, casa, malas, vestido de gala, aniversário de amiga, envio de livros…
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Minha viagem começaria no domingo, às 9h30 da manhã, rumo ao aeroporto de Zurique, onde eu pegaria o voo das 13h para Lisboa/Fortaleza.
Tive uma sexta-feira cheia: trabalhei pela manhã, acompanhei meu namorido na consulta de tratamento visual, fiz cabelo, unhas, e à noite fomos jantar num restaurante brasileiro para comemorar o aniversário de uma grande amiga.
Pensei em aproveitar o momento de lazer com ele e deixar as malas para fazer no sábado.
Nesse dia longo e cansativo, cheguei em casa correndo, precisava me arrumar para o jantar. Meu namorido, já pronto, me apressava, mas precisei parar para atender uma ligação que mudaria tudo!
Era a Dyandreia, dizendo que, por motivos de saúde de sua mãe, não poderia viajar ao Brasil e precisaria da minha ajuda:
— Querida, eu tenho duas malas com todos os troféus, certificados e o material necessário para os eventos da Convenção, e não posso viajar. Você poderia me ajudar?
Prontamente me dispus a ajudar no que fosse necessário e possível.
Seria preciso que, em vez de domingo, eu viajasse já no sábado, para pegar as duas malas com ela em Lisboa e continuar a viagem para Fortaleza.
Deu-se início, então, a uma longa e cansativa busca por passagens e conexões que viabilizassem o plano.
O amigo e vice-presidente Fábio, marido da Dyandreia, foi incansável em buscar soluções.
Depois de confirmar que, apesar da falta de tempo, eu iria, enviei o documento e dei carta branca para que pudessem me colocar em qualquer voo que cumprisse o objetivo.
Desliguei o telefone e corri para me arrumar, já muito atrasada para o jantar.
Passava das duas da manhã quando o Fábio me avisou que estava aguardando a confirmação de um voo para as 18h de sábado e que, pela manhã, eu receberia mais informações.
Finalmente fui me deitar, na esperança de descansar um pouco — e põe “pouco” nisso!
Se domingo já estava em cima da hora, imaginem sábado!
Passar roupas, arrumar malas, resolver pepinos com a limpeza do apartamento alugado pelo Airbnb e hóspedes que exigiam atenção extra — inclusive um que saiu e esqueceu de deixar a chave, impossibilitando a limpeza!
Comer? Nem pensar. Não havia tempo.
O voo sairia pelo aeroporto de Genebra, que eu particularmente não gosto, pois, além de eu não falar a língua, o aeroporto é confuso e os suíços franceses acham que o mundo inteiro deveria falar francês! 🙄
Eu havia planejado ir de trem, por ser mais seguro e pontual, mas, querendo me ajudar, meu namorido se ofereceu para me levar de carro.
Apressados, colocamos tudo no carro e saímos.
O trajeto, que normalmente leva 12 minutos até a estação central de Berna, levou 30, por conta de um acidente — e o inevitável aconteceu: **perdi o trem** que garantiria tempo suficiente para chegar ao aeroporto e despachar a mala (o check-in já estava feito).
A caminho do aeroporto, eu falava com meu companheiro, que tentava me acalmar, pois eu estava com medo de não conseguir entregar a bagagem a tempo.
Ele decidiu buscar soluções, ligou para a TAP e para o aeroporto, e descobriu o quão deficiente é o call center da companhia.
Enquanto isso, Fábio estava no balcão da TAP em Lisboa, tentando conseguir outro voo para mim.
Como eu já tinha o check-in feito, entrei no aplicativo da TAP e li que o balcão de bagagens fecharia às 17h50 — e eu chegaria às 17h27.
Finalmente pude respirar! Enviei o print para meu namorido, que também ficou aliviado.
Enquanto isso, Fábio conseguiu mais êxito em Lisboa — foi tratado com gentileza e garantiu o bilhete para o voo Lisboa–Fortaleza às 23h do mesmo dia.
Eram 17h35 quando cheguei ao balcão de check-in e, para minha infelicidade, o guichê da TAP era compartilhado com outras seis companhias, e a fila estava enorme.
Corri até um atendente que se recusou a entender outra língua que não fosse o francês. Misturei o pouco de francês que sabia com inglês para explicar que o balcão de bagagem da TAP estava prestes a fechar, mas ele simplesmente mandou que eu fosse para o fim da fila.
Já indignada, avistei outro atendente, pedi que guardassem meu lugar e corri até ele. Esse, um pouco mais solícito, pegou meu passaporte, consultou o sistema (apesar de nem ser da TAP) e constatou que **não havia mais ninguém da TAP no balcão** — seria impossível despachar a mala.
Ali, o estresse foi para outro nível.
As informações do aplicativo não correspondiam à realidade.
Liguei para meu namorido e para Fábio para pensarmos juntos numa solução. Eu já não gostava do aeroporto de Genebra — agora, eu o odiava!
Corri o aeroporto inteiro procurando um guichê da TAP, sem sucesso. Decidi então encontrar um guarda-volumes, deixar minha mala grande e embarcar só com a de mão, pois as malas do evento eram as mais importantes.
Finalmente encontrei a placa de *left luggage*, abri a mala grande, a mochila e a pequena no chão, separei o que era menos importante e o que precisaria levar comigo. O vestido de gala não poderia ficar de fora — roupas de verão se compram em qualquer lugar!
Coloquei a mala no guarda-volumes. Restavam 25 minutos até o voo. Como acredito em milagres — corri!
Controle de documentos, depois o de bagagem. Fui ágil e focada. Coloquei minha mochila e pertences na esteira. A atendente disse que não precisava tirar nada, nem os líquidos. Pensei: “Que sorte!”.
Mas, do outro lado, minha mochila foi desviada para uma segunda esteira, atrás de outras dez.
Desesperada, pedi à atendente que priorizasse a minha, explicando que perderia o voo. Ela, com calma irritante, mandou que eu esperasse. Um segurança se aproximou e repetiu a ordem.
Com o coração na mão, esperei — o que pareceu uma eternidade.
A senhora revistou minha mochila por longos dez minutos, tirando tudo, e nada encontrou. Por fim, satisfeita, mostrou o motivo: uma caneta!
Liberada, juntei meus pertences com calma. Já não havia motivo para correr. Arrumei tudo no meu tempo e fui até o portão, só para constatar que o voo já tinha partido.
Sentei numa cadeira, triste e desolada. Sabia que o pesadelo não terminava ali — precisava dar a notícia e pensar na solução. A voz embargada, as lágrimas insistindo em cair, o cansaço extremo… mal consegui falar ao telefone. 🥺
Contei resumidamente a Fábio o que havia acontecido e pedi um tempo para me recompor. Liguei para meu namorido, que me consolou.
A melhor solução foi buscar a mala no guarda-volumes e verificar o trem de volta para casa, enquanto Fábio tentava resolver algo no balcão da TAP.
Entrei no trem de Genebra para Berna e, assim que partiu, ouvi no alto-falante que havia uma interrupção inesperada na linha férrea e que não seria possível seguir até o destino.
Nesse momento, tive uma crise de riso… 🤪
Fábio explicou que a única solução seria o voo das 6h, saindo de Zurique para Lisboa. Eu ainda precisava decidir como chegar ao aeroporto — pegar o último trem, às 00h05, e passar a noite lá, ou pedir ajuda ao meu namorido para me levar de carro.
Optamos pelo carro: sairíamos às 3h da manhã.
O trem me levou até Lausanne, e precisei esperar 46 minutos para o próximo rumo a Berna. Liguei para meu namorido, que preferiu que eu voltasse para casa para descansar daquele dia longo — e foi o que fiz.
Cheguei em casa, jantei a comidinha que ele preparou, e…
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**Frase:**
> “Tudo o que você pode é ação; tudo o que você não pode é oração.” 🙏❤️



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